Sejam bem-vindos ao blog Entre meninos e Homens , um espaço onde teremos a liberdade de expressar nossas meninices e defender nossas verdades de homens. Pois existem homens incapazes de confessar suas meninices e meninos impossibilitados de proferir idéias de homens.

Este será um blog universal, transcendente a religiosidade.

Sintam-se à vontade!

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

A utopia da santidade.




Sejais santos, porque eu sou santo. Levítico 11:45

Levítico 11:45 é um trecho muito usado quando o assunto é santidade e isso se dá ao fato de algumas pessoas o classificarem como auto explicativo, um trecho que por si só já diz tudo. Mas sem querer parecer o dono da verdade, quero expressar minha humilde opinião sobre o texto e por consequência sobre a tão falada e desejada santidade.

Me preocupo e muito com a utopia da santidade, com essa idéia de perfeição, de que ser santo é não ter do que se acusar e ser separado de tudo e por consequência de todos, ou pelo menos daqueles que não são tão santos quantos nós.

E ai eu pergunto seria Deus o parâmetro da santidade?
Acredito que na opinião da maioria a resposta é sim, Deus é o parâmetro da santidade, ele é aquele que deve ser imitado.
Mas você se lembra do que aconteceu com o ultimo que tentou se colocar no mesmo patamar de Deus ele literalmente caiu, foi expulso do céu e levou com ele a terça parte dos anjos.

Colocar-me no mesmo patamar de Deus é a maneira mais rápida e fácil de cair, e ainda levar algumas pessoas comigo. Quantas vezes você já viu alguém se considerar tão santo ao ponto de achar que assim como um deus tem o direito de julgar os outros, e quantas vezes você já viu alguém enfraquecido na fé porque fulano ou beltrano que era tão santo, tão de Deus cometeu uma falha?

Se olharmos a história do Apostolo Paulo vamos perceber que a santidade não foi o caminho que ele percorreu para chegar até a Deus, mas sim o caminho que ele percorreu após se encontrar com Deus e por isso Paulo escreve em sua primeira carta aos Coríntios que eles deveriam imitá-lo como ele imitava a Cristo, mas se novamente olharmos para história dele vamos ver que mesmo depois de seu encontro com Deus ele cometeu algumas falhas, como ele mesmo confessa  em sua carta aos Romanos quando diz que não faz o bem que deseja, mais faz o mal que não deseja.

E como pode um pecador se dizer imitador de Cristo, e ainda se dizer digno de ser imitado?

Jesus nunca pecou, mas conviveu com pecado e com os pecadores  e a sua santidade não foi medida pelas roupas que ele usava, pelas pessoas com quem andava, pela maneira como falava, pelos lugares por onde passava, a santidade de Jesus foi medida pela relação dele com o Pai, pelo amor que ele tinha pelas pessoas, e pela capacidade dele de influenciar e não de ser influenciado.
Paulo disse imitar Cristo, porque entendeu que ser santo é se aproximar de Deus, por reconhecer que convivia com o pecado incluindo os dele e também com os pecadores ao qual ele mesmo se julgou ser o maior.

Pr. Caio Fábio diz que a santidade é o estado do todo pecador que vive sem culpa porque creu na graça de Deus.

A santidade não é o caminho que me leva ao encontro de Deus, mas sim o caminho que eu percorro após me encontrar com ele.


Samuel Raposo

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

A culpa não é do culpado !



O resultado da enquete desse mês é sobre Santidade, onde argumentaremos a incessante busca e os frutos desta Santificação.


Um dos maiores equívocos das Instituições Religiosas é canalizar seu não crescimento às pessoas que falham no cumprimento de seus dogmas e costumes. Quando a responsabilidade dessa deficiência está sobre aqueles que se julgam bons. “ Pois o mais forte suportará o mais fraco, e o povo maior servirá o menor. “
Então o crucial não são os pecadores ou fracos na fé, mas sim a ausência de suporte e serviço dos que se intitulam como bons.
O sucesso das Instituições Religiosas e o privilégio da comunhão se estabelecem quando todos nós reconhecemos vossas maldades e dependemos da Graça de Deus.
Minha oração é que os bons sejam capazes de declarar suas maldades e se encontrar no patamar do favor imerecido de Deus. Pois  a Igreja não é o lugar de pessoas boas, e sim más que reconhecem a sua maldade e dependem da misericórdia de Deus.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Adão onde estás?


E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar.  Hebreus 4:13

No mês de Agosto o tema é religiosidade, mais o que é de fato religiosidade?

Na opinião deste blog a religiosidade nasce no momento em que o ser humano perde a capacidade de raciocinar. Nasce quanto tudo o que fazemos e vivemos é em nome de um Deus, de uma religião. Nasce quando paramos de enxergar Deus em outra pessoa, nasce quando começo a pensar que Deus seja lá ele qual for só existe pra mim ou pra minha religião, nasce quando eu perco a capacidade de Amar.

A verdade é que em nome de Deus, como já dissemos aqui no blog seja ele qual for, a humanidade tem feito coisas 
horríveis. Hoje tudo é feito em nome Deus, as pessoas matam, morrem, deixam de amar, excluem umas as outras, entre outras coisas, sempre em nome Deus.

Vivemos em uma competição pra ver quem pode mais, quem sabe mais, e tudo aquilo, ou todo aquele que não concorda se torna uma ameaça, e tudo que é uma ameaça tem de ser destruído.

Pr. Ed René kvitz diz que existem três fatores que movem a religião:

1º- Ganância: Porque os deuses podem nos dar muitas coisas.

2º- Medo: Porque não queremos ir pra o inferno, não queremos reencarnar de uma forma ruim etc..

3º- Culpa: Porque sabemos que estamos sempre errando, e precisamos ser redimidos.

Refletindo sobre o mundo de hoje vemos que ele está certíssimo, buscamos a religião e a Deus por motivos errados.
Porque os motivos deveriam ser o amor, o desejo de fazer o bem e a certeza de que precisamos melhorar a cada dia.

Assim como Adão e Eva tentaram esconder de Deus a sua nudez em meio aos arbustos em Gênesis 3:8, nós estamos escondendo ou tentando esconder nossas incertezas, nossas angústias, nossos medos, nossas falhas e em muitos casos o nosso caráter duvidoso. Só que hoje já não usamos arbustos, usamos uma roupa diferente, um ideal, uma religião, um sorriso, mas nunca nos apresentamos de uma forma verdadeira.

Esquecemos que aos olhos de Deus nada está encoberto, e de que mentir sobre o ponto de partida é ter certeza de não chegar ao destino escolhido.

A intenção deste blog não é criticar ou mesmo atacar qualquer religião, desde já pedimos desculpa se alguma dessas mal traçadas linhas ofendeu ou atingiu a sua fé. O que este blog quer é levar você a uma reflexão sobre as suas atitudes, sobre a sua fé e sobre o quanto ela tem influenciado você.


Porque se as mesmas mão que são erguidas aos céus, fossem estendidas ao próximo, se os mesmos corpos que se prostam ao chão, fossem a esse mesmo chão pra chorar e ajudar os que estão caídos, viveríamos em um mundo melhor, o mundo que Deus planejou, o mundo que Jesus pregou, um mundo com menos religião e mais, muito mais amor.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Calma ou corre?



O professor ouviu um ruído e foi olhar. No chão estava o Marquinhos, filho do vizinho, que tinha caído da varanda e sangrava profusamente. Mesmo sendo uma pessoa de idade, tomou o menino nos braços e começou a correr  desesperado para o hospital a poucas quadras. No caminho, vinha descendo a ladeira uma senhora que, ao vê-lo esbaforido, gritou: "Calma, professor... vai dar tudo certo. Não se apresse tanto. Deus vai ajudar... e o senhor já não tem idade para correr assim com uma criança no colo!" Ela então se aproximou e, em pânico, constatou: "Ai, meu Deus, é meu netinho! Corre, professor, corre, pelo amor de Deus."

O verdadeiro Deus está na urgência que reconhece no rosto  "um netinho", um seu. Até então aparece o deus da idolatria, respaldado muitas vezes pela fé que não enxerga a urgência do outro. A base das religiões bíblicas é o econhecimento de que o ser humano é a imagem e semelhança de Deus. Não reconhecer esta semelhança, seja num executivo do mundo financeiro nova-iorquino, seja num fanático islâmico, seja num negro africano desnutrido,seja num chinês que não parece diferente de outro chinês, é a prova dos noves do sucesso ou falência do establish ment  religioso (de todas as religiões) de levar a verdadeira mensagem a seus adeptos.

Há vários inimigos invisíveis que estão ficando visíveis 
nesta crise pela qual passa o mundo. Há o inimigo de uma civilização que nos aliena em relação ao outro. Uma cultura de fobia do outro e de sonharmos com um mundo de privacidade. Uma espécie de dessocialização que nos leva a ser novamente nômades e coletores. Nômades porque podemos estar em qualquer lugar, sem apreço e carinho pelo lugar; e coletores porque não plantamos para o futuro, apenas para o nosso breve futuro pessoal.

E a América não é este mal, apesar de muitos 
simbolizarem-na como tal. Afinal, este mal pode estar mais vivo na Arábia Saudita, com seus sheiks e monarcas trilionários, do que numa Nova York símbolo de integração entre raças, culturas e religiões. O mimado príncipe Bin Laden, que à moda de tantos filhos de nobres e milionários do Ocidente precisa de um hobby para dar sentido à sua pobre existência, é talvez mais ocidental do que seus seguidores o percebam. Sem deixar de reconhecer que o presidente Bush tem nas mãos o potencial de uma guerra devastadora, seja na crise em si ou seja em posturas como as assumidas nas questões de comércio internacional ou questões ambientais do planeta.]

Mas o inimigo invisível maior está nas próprias religiões. 
Não que elas estejam em guerra. Elas nunca estiveram tão aliadas como na atualidade. Elas se compreendem porque funcionam de forma muito semelhante. São elas a maior fonte de doutrinação da juventude, mergulhadas que estão nas idéias de "certo" e "errado". Afinal não foi desta árvore do "Certo e Errado" que comeram no paraíso como pecado maior?

É claro que os fundamentalistas e os fanáticos de cada uma 
destas tradições são o rosto deste mal, mas as tradições religiosas não realizam guerras santas contra esta heresia maior que é não reconhecer a urgência do outro. As tradições religiosas não são proféticas na denúncia de si próprias, no compromisso absoluto com a ética e com uma visão universal. E se o Islã hoje está em evidência, por mérito próprio, não escapa também o judaísmo com o fomento de fundamentalistas-nacionalistas. Não escapa a Igreja com seu corporativismo e idéias subliminares de salvação por uma única porta. Ou o fundamentalismo evangélico que vê satã por todos os lados, ou, em outras palavras, inimigos por todos os lados.

Enquanto as religiões não cerrarem fileiras contra sua 
própria heresia (esqueça-se a do outro!) elas serão parte do inimigo invisível. E não se trata de encontros ecumênicos e inter-religiosos como um cenário de papelão à frente de bastidores de intolerância e soberba.

O mundo marcha à guerra e não há vergonha maior do que 
a das religiões. Elas não vêem a urgência porque não ajudaram este mundo a compreender que qualquer morte é a de um netinho. Que se prestem hoje no século XXI como pano de fundo para terror e horror é um fracasso inominável, vergonha inocultável.

O século XXI chegou com esta surpreendente novidade: ou 
percebemos que é do "nosso netinho" que se trata a questão e não de um outro virtual, ou perecemos. Isto porque o futuro será cheio do "outro", ao contrário do que supunham os analistas. Falavam eles de um mundo de computadores, cada um trabalhando em casa, menos horas de trabalho, mais automatização, mais "eu" e menos "os outros" em nossas vidas.

Porém o mundo globalizado não é um mundo grande, é um 
mundo pequeno cheio de gente. O século XXI estará repleto do outro. É um outro cada vez mais numeroso - nunca existiram tantos outros em nenhuma era. E esse outro vive muito - nunca viveram tanto os outros em nenhuma era. É chegado o momento de abandonar o vício da busca de inimigos.

Os inimigos somos nós mesmos. E as religiões que não 
buscarem este inimigo em si são as religiões idólatras desta nova era. Não se trata mais de ser monoteísta, isso é passado. Trata-se de saber como cada uma delas honra este Deus único pelo respeito máximo a seu semelhante. Dizia George Santayana que "o fanatismo consiste no ato de  redobrar esforços por conta de se ter esquecido dos  objetivos".

 As religiões parecem esquecer seu objetivo maior que não 
 é reconhecer Deus apenas como sendo Um, mas cada ser  humano, Sua imagem e semelhança, como um ser único. E  pelos que morreram, vergonha sobre nós religiosos. E  pelos que irão morrer, mais vergonha! E quando estivermos vendo imagens pela televisão onde apareçam crianças ou  jovens ensangüentados, olhemos mais de perto - "serão  nossos netinhos".



Nilton Bonder, Rabino e Escritor

Texto publicado no Jornal O Globo